segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

OS Pigmeu da Indústria do Petróleo.

Quais são e como trabalham as pequenas e médias empresas que exploram petróleo no sertão do brasil em campos que não interessam mais à Petrobras. Quando o assunto é exploração de petróleo no Brasil, a primeira imagem que vem à mente é a de imensas plataformas de aço espalhadas pela costa sudeste do país. É do mar que se retira quase a totalidade de óleo e gás natural e é no mar que a Petrobras, desde o final da década de 80, concentra grande parte de seus investimentos, principalmente no litoral do estado do Rio de Janeiro. O que poucos sabem é que 67% dos campos brasileiros ainda estão em terra firme, herança de um tempo em que os estudos sísmicos e os esforços tecnológicos apontavam para o interior do país. O volume de produção nesses campos ainda é bem modesto: são apenas 200 mil barris/dia extraídos do subsolo nacional (on-shore), ante 1,8 milhão das prospecções no mar (off-shore). Ou seja, o óleo que vem da terra responde por 10% da produção total, uma gota comparada ao que a estatal suga todos os dias no litoral. Mas é justamente na terra que vem acontecendo uma pequena revolução, patrocinada por alguns idealistas do setor e outros tantos desbravadores dispostos a recuperar o óleo do sertão brasileiro. Desde o fim do monopólio da Petrobras, em 1997, alguns campos terrestres considerados economicamente irrelevantes pela empresa foram devolvidos à União, a maioria localizada na Bahia, no Rio Grande do Norte e em Sergipe. De posse desses campos maduros – denominação dada aos reservatórios com produção comprovada, embora pequena –, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) decidiu ofertá-los no mercado. O objetivo, desde o começo, era atrair a atenção de pequenas e médias companhias. As grandes, estrangeiras, mesmo após a abertura correram para o mar, seguindo o exemplo da Petrobras. A terra representava, portanto, um bom desafio para quem estivesse razoavelmente capitalizado e disposto a correr algum risco. O primeiro grande leilão dos campos maduros, ocorrido em 2005, durante a sétima rodada de licitações da ANP, ganhou o singelo nome de “rodadinha” e trouxe ao cenário nacional nomes como Aurizônia, Petrosynergy, Severo Villares, ENGEPET, Alvorada, Koch e pelo menos outras três dezenas de desconhecidas companhias, batizadas, a partir de então, como produtoras independentes de petróleo. Entenda por independente a empresa cujos rendimentos são obtidos exclusivamente da produção na boca do poço, sem operações de refino ou distribuição. São novatas que entraram na atividade movidas por duas razões, ao mesmo tempo distintas e complementares. A primeira: das 29 bacias sedimentares terrestres existentes no Brasil, apenas 5% são exploradas. É o país com maior potencial para atividade on-shore. Com característica geológica semelhante à dos Estados Unidos, o Brasil perfurou, em seus 60 anos de história do petróleo, 23 mil poços terrestres. Os Estados Unidos abriram 4,5 milhões em um século e meio de extração, média de 30 mil por ano. Lá, a saga dos produtores independentes rendeu bons dividendos e chegou até o cinema, com filmes como Assim Caminha a Humanidade e, mais recentemente, Sangue Negro, exemplos de obras-primas que celebrizaram o tema. Hoje, as independentes americanas são responsáveis por 82% da produção doméstica de gás e 65% da produção de petróleo, segundo dados da IPAA (Independent Petroleum Association of America). Até a Argentina, que nem está no mapa mundial do petróleo, furou mais poços que o Brasil no ano passado. E a Rússia, segunda maior produtora do mundo, tem milhares de poços ativos que geram, em média, 60 barris/dia, uma produção semelhante à de alguns campos maduros no Brasil. A diferença, portanto, não é geológica. É numérica. A segunda razão que faz brilhar os olhos dos independentes é o fato de que os investimentos no campo de Tupi e em outros reservatórios na camada pré-sal farão a Petrobras se concentrar cada vez mais nas explorações marítimas, abrindo espaço para que novas empresas operem suas áreas terrestres. É importante lembrar que os campos marginais devolvidos nos últimos anos não têm a mesma atratividade econômica daqueles ainda em poder da Petrobras. O futuro pode ser bem promissor. E o presente? Abraços a Todos! Luiz Henrique luizhenrique_99@yahoo.com

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