terça-feira, 3 de julho de 2012

Governo dá sinal verde para Petrobras acelerar negociações de parcerias com estrangeiras.

Enquanto estatal freia investimentos, Planalto avalia que participação estrangeira é crucial
Preocupado com o atraso no cronograma de obras das refinarias da Petrobras que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo deu sinal verde para que a estatal acelere a negociação de parcerias com empresas estrangeiras. Essa alternativa, que vinha sendo evitada para preservar a autonomia do país no processamento do petróleo do pré-sal, é vista agora como uma saída para manter os prazos de conclusão e operação desses empreendimentos, após a decisão da Petrobras de reduzir o ritmo de investimentos em refino no seu Plano de Negócios 2012/2016. Entre as empresas estrangeiras interessadas está a gigante chinesa Sinopec, que atualmente opera no país em consórcios para exploração de campos de petróleo. Outras multinacionais da área de refino já manifestaram interesse em se associar com a Petrobras, mas as parcerias não prosperaram. A exceção é a venezuelana PDVSA, que participa da construção da refinaria Abreu e Lima. A Petrobras não confirma as negociações, mas, segundo fontes do governo, a opção pelo capital estrangeiro decorre da avaliação de que postergar prazos para refino significa aumentar perigosamente a dependência do país de combustíveis derivados de petróleo importados. Para autoridades da área, sem as quatro refinarias do PAC — Comperj, Abreu e Lima, Premium I e Premium II — essa dependência cresceria tanto que, em 2020, acabaria por colocar em risco a autonomia e o crescimento do país. As importações de derivados de petróleo dispararam nos últimos meses, devido ao aumento do consumo. Em abril, por exemplo, o país atingiu o volume de importação de óleo diesel previsto para dezembro. De acordo com a própria Petrobras, se não forem construídas as quatro novas unidades de refino constantes do PAC, a estatal seria obrigada a importar, em 2020, 40% dos derivados de petróleo consumidos no Brasil. No caso do diesel, sem as novas refinarias, seria preciso importar, também em 2020, cerca de 1 milhão de barris por dia, frente à importação atual de cerca de 160 mil barris diários, segundo nota da estatal divulgada no dia 28 em seu blog. China diz ter baixo custo e tecnologia O consumo de derivados de petróleo no Brasil tem crescido em um ritmo que surpreende a própria estatal. Em março, a estimativa da Petrobras era que, ao fim de 2012, as importações de gasolina chegariam a 80 mil barris diários, o que significa um aumento de um terço em relação ao ano passado e recorde de importação do combustível. Mas o país já atingiu esse nível de compras do exterior até abril. Depois de anunciado o novo Plano de Negócios até 2016, só Abreu e Lima tem prazo para entrar em operação, em novembro de 2014. Ainda assim, essa data implica atraso de três anos, e o valor final da refinaria está oito vezes acima do inicialmente previsto. Pelo plano da Petrobras, as refinarias Premium, cuja construção ainda nem começou, não ficarão prontas antes de 2017. Para o Comperj, não há prazo para o início da operação da primeira fase. Com a entrada de estrangeiros nos negócios, seria possível retomar o cronograma de conclusão das obras previsto no PAC ou até antecipá-lo, segundo fontes, com eventual aceleração de desembolsos pelos sócios. O governo entende que, mantida a participação mínima de 51% da Petrobras nas refinarias, seria preservado o caráter nacional e a estratégia brasileira para o beneficiamento do petróleo do pré-sal. Este é o caso da refinaria Abreu e Lima, que tem a PDVSA como sócia. A parceria com estrangeiros reduziria as despesas da estatal em um setor que não é tão lucrativo quanto a exploração e produção de óleo bruto. Isso tornaria os investimentos mais realistas, como defendeu na semana passada a presidente da estatal, Maria das Graças Foster. Charles Tang, presidente da Câmara Brasil-China (CCIBC), afirma que a China tem capacidade para produzir refinarias com tecnologia de ponta e a custos bastante competitivos. Isso, argumentou, credenciaria o país a participar dos empreendimentos. — Além disso, a China dispõe de verba para financiar essas refinarias. Seria natural que uma empresa como a Sinopec fosse convidada a conversar — afirmou Tang. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.

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