LONDRES - Se os países ricos entrarem numa recessão profunda, os emergentes serão afetados, admitiu o presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, após participar do evento "Oil & Money", promovido nesta terça-feira, 11, pela Energy Intelligence e o International Herald Tribune. "Não poderemos ficar isolados", disse o executivo.
Entretanto, ele avalia que está havendo um descolamento cada vez maior entre o mundo desenvolvido e em desenvolvimento, no que se refere ao comportamento do mercado de petróleo. Hoje, o crescimento da demanda é conduzido pelos emergentes, tendência que deve prevalecer pelos próximos anos.
As nações em desenvolvimento atualmente podem contar com a força de seus mercados domésticos e, além disso, vêm diversificando suas exportações. "Os elos com os países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) estão ficando menos conectados", disse. "Temos uma grande mudança no perfil do consumo de petróleo."
Gabrielli afirmou que a recente desaceleração dos investimentos da estatal ocorreu em razão do atraso de entrega de equipamentos importados, e não como reflexo de incertezas internas. Como o mundo enfrenta uma crise financeira, os demais países estão sendo afetados. "Mas, mesmo assim, realizamos um investimento muito grande."
O diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, disse que os projetos da Petrobras são de longo prazo, para "além da crise". Segundo ele, a crise acaba não sendo ruim para uma empresa que está comprando e investindo muito, porque reduz a pressão de custos.
Captação
O diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, afirmou, durante o evento, que a empresa não tem necessidade de captações neste momento. "Não precisamos de ir ao mercado agora, temos liquidez". Ainda assim, ele afirmou que está observando as condições - o mercado de dólar segue aberto, mas o de euro, não.
"Se tiver boa janela, poderemos inaugurar operação em euro. Olhamos para todas as oportunidades de moedas", disse. Segundo Barbassa, hoje o crédito corporativo se apresenta como alternativa aos investidores, fortemente preocupados com a situação da dívida soberana externa.
Desinvestimentos
Gabrielli ainda afirmou que a refinaria Nansei Sekiyu, em Okinawa (Japão), poderá estar entre os ativos que serão vendidos pela companhia. "Mas a decisão ainda não foi tomada", disse o executivo.
A Petrobrás anunciou neste ano a estratégia de fazer desinvestimentos no valor total de US$ 13 bilhões. Gabrielli reforçou que a maior parte estará fora do País e que o pré-sal não faz parte da lista. O executivo acredita que a estatal não terá dificuldades para encontrar compradores, mesmo em meio à crise financeira internacional. "A crise não é de liquidez. Há grande montante de recursos à disposição. O que temos são compradores seletivos para os melhores projetos", disse.
Gabrielli reiterou que o plano contempla a possibilidade de três tipos de operações: redução da parte que a Petrobras financia em empreendimentos, venda efetiva de participação em empresas e o farm-out (venda de participação em blocos sob sua concessão).
Durante o evento "Oil & Money", foi perguntado aos participantes se eles esperavam nova recessão nos países da OCDE. Dos presentes, 77% responderam que sim.
Fonte: Daniela Milanese, correspondente da Agência Estado
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